Week 12 – Making of | Semana 12

(português abaixo)

This week’s image was a good kind of challenge. Dan, my model friend is also an artist and an entrepreneur so I was excited to have the chance to work together. And I was very happy that he had no problems with body paint either. 😀

The book where the quote is from is one of Tolkien’s darkest. Actually, I had to force myself to finish. It’s a tragedy similar to Oedipus in a way. Húrin, the father, is imprisioned by Morgoth after a war between men, elves and the forces of evil represented by Morgoth. He is then cursed by Morgoth to see the world through his eyes. From where he is imprisoned he can see everything that happens or that he desires to see. However everything is ‘colored’ by Morgoth’s evil, distorted. So he watches as his family: his wife and children, suffer and make bad decisions leading them down an awful path of tragedy after tragedy. His son Thúrin is proud and hard headed, refusing to listening to anyone who would speak to him. So he strikes out on his own and generally makes a mess of it. It is a sad and heavy book, but still, because it’s Tolkien, it’s worth reading.

What drew me about this quote was exactly this idea of seeing the world through evil’s eyes. A few years ago I wrote a fairy tale about a princess who saw the world distorted in the worst possible way. She could not see kindness or beauty or anything good no matter how hard she looked. She too had been cursed. That was before I ever heard of  ‘The Children of Húrin’.

Many times, we too have our view distorted by evil, or disease, or pain, or sorrow. Unfortunately, our internal wounds can cause us to see reality through distorted lenses. No need for a curse, we do that ourselves. And if we want to be healed, at some point we will have to confront the pain and the seeds from where this distortion has come from or nothing will change. I speak from experience.

Back to the image.

Because I only had my one friend to work with he had to be the ‘hand model’ and the main model himself. So I had to organize the pictures I needed and do some gymnastics to be able to put the image together later on. First I painted his arms up almost up to his shoulders. Then he posed for me with his hands over his eyes, like this. You can see where the paint stops on his arms. This was the basic shot.

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Then, with the help of my faithful mom, I got a few shots of ‘tears’ running down his cheeks. I needed quite a few of those!

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At first my idea was to incorporate some kind of eyes on top of his hands. But in the hours I edited the image it became clear it would be a stronger one without the eyes. They became unnecessary to what I wanted to say.

Here you can see an optional edit I tried (with a little more of the ‘creature’ behind showing)  but I scrapped off in the end. It was a classic case of ‘less is more’. 🙂

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I had to use my mom as the model for a moment so I could get a good shot of his arms too. Here’s the setup for the whole thing: a black background, a softbox, a led lamp for the backlight and a reflector.

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Then lots and lots of hours on photoshop in order to put the whole thing together. 🙂

As the project progresses I find out new and better ways to shoot and edit. Still, the hours of work on photoshop do not diminish. Sometimes it takes as longa s 10 hours to put together a single image. But I do love the pre-production as much as what comes next.

Here’s Dan washing off the gouache paint from his arms with my mom’s help.

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I’m really happy with the way the final image has turned out and the whole process that brought me to it. And thank God for friends who are willing to be body painted too! 😀

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A imagem desta semana foi um tipo bom de desafio. Dan, meu amigo modelo desta semana, também é artista e empreendedor e fiquei empolgada com a chance de trabalharmos juntos. Também fiquei bem feliz dele não ter problema algum com a pintura corporal que precisamos fazer. 😀

O livro de onde tirei a frase é um dos mais sombrios do Tolkien. Na verdade, tive que me obrigar a terminar quando li. É uma tragédia similar a história de Édipo de certa maneira. Húrin, o pai, é aprisionado por Morgoth depois de uma guerra entre homens, elfos e as forças do mal representadas por Morgoth. Ele é então amaldiçoado por Morgoth com uma visão de mundo distorcida, isto é: de onde ele se encontra aprisionado, ele pode ver tudo o que acontece ou o que desejar ver. No entanto a realidade vem ‘colorida’ pelo mal de Morgoth, distorcida. E ele vê a família dele: sua mulher e filhos, sofrerem e tomarem péssimas decisões que os levam a uma vida cheia de tristeza e tragédias. O filho de Húrin, Thúrin, é orgulhoso e duro de coração e se recusa a ouvir a qualquer pessoa. Ele sai pelo mundo sozinho e faz muita besteira. É um livro triste e pesado, mas mesmo assim, como é Tolkien, vale a pena ler.

O que me chamou atenção nesta frase foi exatamente esta idéia de ver o mundo através dos olhos do mal. Há alguns anos atrás escrevi um conto de fadas curto sobre uma princesa que via o mundo distorcido da pior maneira possível. Ele não conseguia ver bondade ou beleza ou qualquer coisa boa, não importa o quanto ela procurasse. Ela também tinha sido amaldiçoada. Escrevi esta história anos antes de saber que ‘Os Filhos de Húrin‘ existia.

Muitas vezes nos também temos nossa visão distorcida pelo mal, doenças, dor ou perdas. Infelizmente nossas feridas internas podem nos fazer ver a realidade de forma distorcida. Nem precisamos de maldição, fazemos isto conosco mesmo. E se quisermos ser curados, precisaremos confrontar a dor e as sementes de onde esta distorção veio ou nada mudará. Falo por experiência própria.

Mas voltemos a imagem.

Como eu só tinha meu amigo para fazer a imagem toda, ele precisou ser o modelo de mão e o modelo propriamente dito. Por isto precisei me organizar com as fotos que precisavam e fazer alguns malabarismos para poder montar a imagem depois. Primeiro pintei os braços dele de preto quase até os ombros. Aí ele posou com as mãos sobre os olhos, como você vê na primeira foto. Você pode ver aqui onde a tinta termina nos braços dele. Esta foi a foto básica com que trabalhei.

Depois, com a ajuda da minha fiel mãe, consegui algumas fotos das ‘lágrimas’ escorrendo pelo rosto dele como você pode ver na segunda foto. Precisei de um bom número destas!

A princípio minha idéia era incorporar algum tipo de olhos sobre as mãos dele. Mas a medida em que fui editando a foto ficou claro que a imagem ficaria melhor sem os olhos. Eles se tornaram desnecessários para o que eu queria passar.

Na terceira foto você pode ver uma edição alternativa que tentei, com a ‘criatura’ aparecendo mais no fundo. Mas desisti dela no final. Foi um caso clássico de ‘menos é mais’. 🙂

Precisei usar minha mãe como modelo para conseguir uma foto dos braços do Dan. Aqui está o setup da coisa toda: o fundo preto, um softbox, uma lampada de led para a luz de recorte e um rebatedor.

Juntei tudo isto e passei horas e horas no photoshop para montar uma imagem só. 🙂

A medida em que o projeto progride vou descobrindo melhores maneiras de fotografar e editar. Mesmo assim as horas de trabalho no photoshop não diminuem. As vezes precisando gastar mais de 10 horas em cima de uma única imagem. Mas amo o processo de pré-produção, montar as coisas necessárias para a foto e tudo o que vem depois.

Por último a imagem do Dan lavando a tinta guache preta dos braços com a ajuda da minha mãe.

Fiquei muito feliz com o resultado e com o processo todo que me ajudou chegar no resultado que eu queria. E graças a Deus por amigos que tem disposição de se sujar! 😀